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quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A ROTATIVIDADE DOS PROFESSORES

O professor, quando fica apenas alguns meses com uma turma, não cria vínculos com os alunos, comprometendo a aprendizagem e a continuidade do trabalho pedagógico; não participa  da comunidade escolar, prejudicando a imagem da instituição.

Os motivos normalmente apontados são: frustração com a carreira escolhida, troca de cidade, doença, troca de profissão, falta de condições de trabalho, oportunidade financeira em outra instituição, entre outros.

Em nosso ponto de vista, a política educacional, espelhada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996, levou o ensino público à ruína e proporcionou uma enorme fonte de rendas aos capitalistas da área da educação. Isto se refletiu na baixa qualidade dos formandos do ensino superior, em quase todas as áreas do conhecimento, e mobilizou a juventude para cursos cujos profissionais são mais valorizados no mercado de trabalho em detrimento ao magistério.

Universitários desmotivados, aprovados às vezes quase sem frequência nos cursos, trabalhando de dia para estudarem à noite, entre outros fatores conhecidos, não podem se transformar em bons professores.

Essa realidade é mais forte na escola pública, porém vem ganhando corpo na escola particular, até mesmo naquelas que acreditam que o salário seja o principal motivador de um professor.

Sob outro foco, o crescimento do número de escolas, seja na Educação Básica como na Superior, tem transformado a captação de alunos em uma batalha campal entre as instituições. É fácil constatar isso olhando as campanhas de marketing agressivas, os telefonemas às residências dos alunos e as promessas de descontos e bolsas de estudos.

Finalizando, temos a questão social das famílias: pais e mães trabalhando; pais separados; a responsabilidade da educação das crianças sendo transferida totalmente para as escolas; a limitação do brincar; crianças confinadas em condomínios e apartamentos. Essa situação torna o ambiente escolar em uma bomba-relógio, pronta a explodir.

Essas, na nossa opinião, são as causas da rotatividade de professores em uma escola.

Mas nem tudo está perdido.

Acreditamos que, trabalhando com profissionais qualificados, motivados e envolvidos, além de realizados com a escolha acadêmica que fizeram, a saída mais viável seria uma jornada de trabalho com dedicação exclusiva do professor, onde ele ministrasse aulas em um período, além de atender os alunos fora da sala de aula, desenvolver projetos consistentes; e aprimorasse sua condição profissional em outro período, com reuniões de equipe, cursos de aperfeiçoamento, de formação continuada e preparação de aulas. 

Porém é difícil mudar o contexto atual tendo em vista o custo elevado, onde a contratação se dá por nível de ensino: mensalistas para as séries iniciais e aulistas para as demais séries. E, quase sempre, a jornada de trabalho acontece em várias escolas para consolidar o orçamento familiar.

Quando a saída é inevitável, ou seja, o professor é dispensado ou pede dispensa, temos que adotar uma postura de calma e procurar evitar que os prejuízos educacionais sejam impostos e adotar uma continuação do trabalho pedagógico, sem traumas e sem falsas ações. É buscar um novo profissional e procurar não errar na escolha. 

Após o processo de seleção, onde relata as suas experiências anteriores, o professor é apresentado aos colegas, aos futuros alunos e aos pais, inserindo-se na comunidade escolar.

O próximo passo é o conhecimento do projeto pedagógico da escola e das respectivas diretrizes curriculares, programas, projetos e planos de aula, ementas e sistema de avaliação do processo pedagógico, estimulando os professores mais antigos a trocar experiências com os novos.

Relatórios, diários de classe, plano de aulas, projetos desenvolvidos, sequências didáticas e registro de desempenho dos alunos, portfólios e mapas de sala de aula são apresentados ao novo professor, que passa a ter uma visão clara do que foi trabalhado em sala e daquilo que é necessário trabalhar.

Espera-se, então, que o professor fique dois anos para se consolidar no ambiente escolar, desenvolvendo os projetos relacionados à proposta pedagógica da escola.

Partindo-se do princípio de que a rotatividade se deve à liberdade de ação das pessoas, nunca deixará de existir. E, quando se fica muito tempo na mesma função, a tendência é repetir as ações, diminuindo-se a criatividade e a ousadia.

Não podemos esquecer que o professor é contratado pelas leis trabalhistas, isto é, tem férias, 13o. salário, descanso semanal remunerado, horas extras, etc. E como todo profissional, tem contrato de experiência de 45 dias, renováveis por mais 45 dias. Ou seja, ele pode não se adaptar ao emprego e o empregador pode não se adaptar a ele...

O que procuramos fazer para que a rotatividade não aconteça?

 1 - Garantir boas condições de trabalho

a) cuidar do prédio, com iluminação adequada, pintura e conservação;
b) dispor de equipamentos e materiais didáticos suficientes para estimular o trabalho do professor.




2 - Valorizar o trabalho docente

Para evitar a fuga de profissionais valiosos, a direção escolar precisa agir como gestora e ter liderança, onde tudo é trabalhado em conjunto e não se perca o foco no modo como as pessoas trabalham. O professor precisa sentir-se importante em sala de aula e em todos os processos da escola, devendo ser consultado e participar das decisões, com atuação ultrapassando os limites do ensino de conteúdos.

Deve ser orientado com referência ao tom de voz, como lidar com os alunos, como demonstrar princípios e valores, pois tudo isso influencia o caráter e a ação da criança.

3 - Investir na equipe



Muito se pode fazer, dentro e fora da escola, para capacitar a equipe: cursos externos e reciclagem de conhecimentos.


4 - Acompanhar os projetos de cada professor


Conhecer as áreas de interesse do professor e conhecer suas habilidades e aptidões, visando apoiá-lo e motivá-lo para apresentar aos alunos.

5 - Propiciar momentos de lazer na escola


Ajudar os professores a relaxar, descontrair e se sentir feliz no trabalho, por exemplo comemorando os aniversários, eventos-surpresa em datas especiais, convites para eventos e envolvendo a família nas atividades profissionais.

Finalizando, entendemos que o grande problema da maioria dos professores não é o domínio do conteúdo de sua matéria e sim um conhecimento de mundo. Os que têm acesso aos recursos tecnólogicos, curiosidade e domínio da leitura passam isso com determinação aos alunos. 

É preciso refletir sobre as ações pedagógicas, projetos pluridisciplinares, viagens, experiências de laboratório.

O professor deve ser um condutor do processo de aprendizagem frente ao mundo atual, com metodologia, com competência exigida pelo trabalho, com a prática da leitura, hábitos culturais.

E, principalmente, gostar de ser professor.

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